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Pietá |
Michelangelo |
A primeira Pietà feita por Michelangelo é conhecida como pietà vaticana por se encontrar dentro da Basílica de São Pedro no Vaticano. Com 1,74 de altura, 1,95 de largura e 69 cm de profundidade, foi também a primeira obra-prima de Michelangelo. Com pouco mais de 20 anos, Michelangelo completou esse belíssimo trabalho, que até hoje ainda rende muitos suspiros e surpresas, pois ele conseguiu trabalhar uma obra como essa em um mármore com pouquíssima profundidade. É também a única obra assinada por ele. Na faixa que passa pelo manto da Virgem é possível ler: MICHE.A[N]GELVS BONAROTVS FLORENT[INVS] FACIEBAT – o florentino Michelangelo Buonarroti que fez. O que chama atenção nessa obra, diferentemente de outras feitas anteriormente, é que Michelangelo esculpiu as duas figuras de modo muito realista: a Virgem sentada em uma pequena pedra, representando o monte Calvário, e o próprio Jesus, deitado no corpo da mãe já sem vida. O que ainda é muito questionado nessa obra é a aparência jovem da Virgem Maria. Os estudiosos de Michelangelo dizem que ele quis retratar o espírito da Virgem e não a idade dela na morte do filho, demonstrando a castidade, a santidade e incorruptibilidade da juventude. A estátua forma uma composição piramidal, acentuada pela roupa de Maria: uma linha vertical representada pela Virgem e uma curva feita pelo corpo de Jesus. Na Pietà de Michelangelo, Maria também não parece desesperada, com a mão esquerda aberta ao espectador, como quem quer dizer que não há nada que ela possa fazer. Não há palavras para descrever a beleza dessa obra. E pensar que Michelangelo tinha pouco mais de 20 anos quando a concluiu. É milagroso o fato dessa obra ter tanta profundidade com o pouco de espaço que Michelangelo tinha para trabalhar na pedra. Nada mais justo que finalizar com as palavras de Vasari quando a obra completou 50 anos: “nunca um escultor nem artista raro poderia conseguir um desenho ou graça, nem mesmo com muito esforço, conseguiria extrair tanta fineza e polimento ,e trabalharia o mármore com tanta arte quanto Michelangelo o fez, porque se percebe nela todo o valor e o poder da arte”. Vemos Maria em transição, a tranquilidade assumindo o lugar da tristeza, evidente na serenidade do rosto de Maria e no gesto gentil de seu braço esquerdo: Deixe-o ir. A expressão serena de Maria é apoiada pela solidez de seu enorme manto. Deixando a angústia, ela aparece como uma montanha, com fé inabalável, ainda inclinando-se para o lado um pouco, superando o esmagador peso dos eventos recentes. Seu rosto venceu o sofrimento. Ela segura o corpo do filho nos braços. A excepcional beleza de seu rosto – talvez a face mais bela já esculpida na Terra – só é igualada pela paz de sua expressão. A última coisa que Ele sentiu na Terra foi claramente a perfeição dos céus. Michelangelo mesmo disse, numa frase comumente citada, que tinha a intenção de retratar uma “visão religiosa de abandono e o rosto sereno do Filho”. A arte genuína tem o poder de fortalecer o espírito das pessoas. O coração de Michelangelo, obviamente, sabia desta verdade. Tendo perdido a mãe aos 5 anos (ele mencionou ter usado sua memória como um modelo para o rosto da Virgem), o florentino conhecia em primeira mão sobre a grande perda e sobre como ficar em paz com ela. |
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