A Primavera, também conhecido como Alegoria da Primavera, é um quadro do pintor renascentista Sandro Botticelli. A pintura utiliza a técnica de têmpera sobre madeira. Pintado no ano 1482, o quadro é descrito na revista "Cultura e Valores" (2009) como "um dos quadros mais populares na arte ocidental". É também, segundo a publicação "Botticelli, Primavera" (1998), uma das pinturas mais faladas, e mais controversas do mundo". Enquanto a maioria dos críticos concordam que a pintura, retrata um grupo de figuras mitológicas num jardim (alegoria para o crescimento exuberante da Primavera), outros dão sentidos diferente à obra, sendo, por vezes, citado para ilustrar o ideal de amor neoplatónico.
A história da pintura não é muito conhecida, porém, parece ter sido encomendada por Lorenzo di Pierfrancesco de Médici. É provável que Botticelli se tenha inspirado nas odes de Poliziano para realizar esta obra.
A obra, A Primavera, possui inúmeros detalhes que podem ser revelados em uma Descrição Pré-iconográfica, o primeiro ato para análise de uma obra de acordo com Panofsky4. Esse tipo de descrição revela que a obra possui nove personagens distribuídos por toda a extensão do quadro. Ao centro da obra, soberana a olhar o espectador, está uma mulher em pé, com o corpo levemente em “S”, segurando um forte manto vermelho. Sobre ela, um personagem que remete à um cupido, com o corpo infantil, asas que o suspendem no ar e olhos vendados, apontando para um grupo de três mulheres. Essas três mulheres de pele e cabelos claros dançam vestidas transparentemente. A esquerda da obra, o personagem de um jovem (quase fora da composição por seu olhar e suas ações indiferentes ao resto da obra) chama atenção ao lado das personagens femininas por seu manto vermelho nesta composição de cores claras. O jovem tem uma espada na cintura e uma das mãos erguidas que alcança uma fruta. Depois que o olho do espectador segue este ciclo, volta-se para o lado direito da obra, em que o tema Primavera parece alcançar seu auge. Neste espaço, o olhar segue da primeira à última figura e volta da última para a primeira, buscando compreender a narrativa da obra. Neste grupo, uma mulher floridamente vestida, espalha flores e atrás dela, uma jovem, também vestida transparentemente foge dos braços e do sopro de um ser azulado com asas.
Na obra, o chão verde escuro é muito florido e o cenário dos acontecimentos parece ser um bosque com muitas árvores dando frutos alaranjados. Há diferentes flores, diferentes caules de árvores e diferentes folhas. Há algumas entradas de luz, mas duas delas, atrás da personagem central chamam atenção pela sua forma, que ora parecem olhos, ora parecem pulmões. Os personagens destacam-se pela suavidade das cores, contrastando com o escuro do fundo e do chão. As figuras estão quase todas na vertical, com exceção do cupido, que está na horizontal, e de duas do grupo a direita que estão em diagonal, mas amparadas pelas verticais das outras personagens. |